O clima apresenta variações cíclicas que fazem com que anos chuvosos alternem com anos mais secos. Nos últimos dois anos assistimos, nos Açores, a uma redução dos índices de pluviosidade que se reflectem na diminuição do caudal das nascentes e do nível de água das Lagoas.
Embora durante muito tempo o problema da falta de água não tenha sido assumido politicamente, hoje é reconhecida a escassez deste recurso em cinco ilhas dos Açores: Terceira, São Miguel, Pico, São Jorge e Graciosa.
A falta de chuva nos Açores reflecte-se na paisagem, com pastagens cada vez mais secas, as ribeiras e as lagoas com pouca água. Na ilha de São Miguel são diversos os relatos de populares que afirmam nunca ter observado determinadas Lagoas com tão baixo nível de água, como acontece nos casos das Lagoas das Empadadas e da Lagoa do Fogo.
Os Amigos dos Açores – Associação Ecológica visitaram, recentemente, a Lagoa do Fogo a propósito do acompanhamento de uma visita de estudo à ilha de São Miguel de um grupo de ecologistas madeirenses, da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal.
Em alguns locais, o recuo das margens da Lagoa do Fogo chegava às dezenas de metros, surgindo nas suas margens, agora descobertas, algumas espécies invasoras, que chegam até estes locais através das linhas de água.
É notória a falta de água à entrada dos dois meses climatologicamente mais secos do ano, Julho e Agosto, facto que poderá originar severos problemas no seu abastecimento até ao final do Verão.
Hoje em dia a água existe à distância do abrir de uma torneira, assumindo-se para algumas pessoas como um recurso abundante. Os desperdícios de água são elevados devido há pouca consciencialização na utilização deste precioso recurso e ao pouco aproveitamento de água superficial provinda da precipitação.Os Amigos dos Açores – Associação Ecológica através do presente comunicado pretendem apelar à consciência dos cidadãos para um maior aproveitamento de água, por exemplo através de utilização de sistemas de cisternas, e para a sua poupança, através de comportamentos responsáveis no dia-a-dia.
Por outro lado, lança-se um alerta institucional para que sejam combatidas as perdas nos sistemas de abastecimento de água, que chegam a atingir os 40%, e que os sistemas produtivos, como a agricultura e pecuária, sejam também responsáveis na gestão deste liquido tão precioso, uma vez que estes sectores serão os primeiros a sentir a falta de sustentabilidade na utilização de tão precioso liquido.
Lagoa do Fogo | 11.06.2009